Esse “lenga-lenga” e essa ladainha que incitam violência entre a torcida do time mais bonito, da camisa mais bonita e do escudo mais bonito do mundo com a do time que enche estádios, mas não leva um sequer centavo das bilheterias do Maracanã (como provou o último borderô do Fla-Flu), motivado pelo fato de que o mesmo, além de ser caloteiro em encargos sociais (= não paga sequer os salários dos seus atletas – como bem o disse o Vampeta em certa ocasião, muito menos ao INSS e ao FGTS), NÃO me interessa.
Também não me interessa ficar aqui a lamentar a (des)administração da atual Diretoria, que, como todos sabem, está entregando o patrimônio do nosso ex-Glorioso BOTAFOGO nas mãos de empresários de intenções duvidosas – como prova a recente “entrega” dos nossos atletas sub-20 a um tal fundo (do poço?), conforme noticiado aqui mesmo no G-1.
Assim, porque queiramos ou não, a Diretoria que temos hoje (mas por enquanto) é a que aí está, e porque, plagiando as palavras do saudoso poeta Mário Quintana, “aqueles que atravancam o caminho do BOTAFOGO passarão, e o BOTAFOGO passarinho”, quero sugerir (embora saiba que “eles” não me ouvirão; são teimosos demais e insensíveis ao extremo para ouvir qualquer sugestão de torcedor) ao Sr. Maurício Assumpção: DÊ A CAMISA 7 A QUEM SABE HONRAR A SUA MÍSTICA – o JOBSON.
E digo isso, Sr. Presidente, porque quando você anunciou o atacante Reinaldo, disse que “o novo reforço vestiria a camisa mais importante da história do clube: a 7” – lembra-se?
Se não lembra, não custa recordar que, para nós botafoguenses, realmente, não há honra maior dentro do BOTAFOGO do que ver um craque (coisa que o Reinaldo não é, nunca foi e jamais será) usar a camisa que foi de nossos grandes ídolos.
A camisa 7 do BOTAFOGO, Sr. Presidente, já vestiu tantos craques que, no nosso inconsciente coletivo ganhou o status de imortal com a benção do maior craque de todos os tempos, Garrincha. Sob a áurea do sagrado e imortal Mané, nosso BOTAFOGO construiu a sua história e a do futebol brasileiro e mundial também. Chamado de “Anjo das Pernas Tortas”, Garrincha atuou pelo então Glorioso time da estrela solitária, na década de 60 e deu muitas alegrias para a nosso imensa torcida.
Só para lembrar ao Sr. (e à cambada de gordos que desadministram nosso clube) não é demais dizer que, dentre tantas, uma das nossas maiores glórias, destaca-se aquela de quando o Garrincha marcou duas vezes na final do Campeonato Carioca de 1962 e o Botafogo levou o caneco pra General Severiano, em cima do nosso mais odiado rival, o Flamengo (que o Sr. tanto ama, ao que tudo está a indicar). Com a mística da nossa camisa 7, o Mané (nosso mais que “anjo” – um Deus mesmo) no total, jogou 579 vezes pelo BOTAFOGO, marcando 249 gols.
E porque o nobre dentista, na época, com certeza, sequer tinha dentição adulta na boca, também não custa lembrar que, antes de Garrincha, um outro grande craque já vestira a nosso MANTO SAGRADO N° 7: o atacante Paraguaio. Em 1948, ele, “cracasso” (que não era chinelinho como o Reinaldo, que só adentra o gramado para “urubuservar” os demais atletas dando o sangue pelo time), era o dono da mais famosa camisa alvinegra. Foi com ele, Paraguaio, que o BOTAFOGO venceu o Campeonato Carioca daquele ano, em cima do badalado “expresso da vitória” – o Vasco.
Já para os colegas que postam mensagens neste blog apenas para repetir o que já está cansado de ser repetido, também não custa lembrar que na década de 70, o BOTAFOGO viveu uma grande safra de camisas 7. Primeiro, com um de nossos maiores ídolos, Jairzinho o “furacão da Copa de 1970”. Honrando nossa 7, Jairzinho marcou 189 gols pelo BOTAFOGO. Como esquecer do Rogério, sucessor do Jairzinho? Como deixar de lembrar dos dribles e dos cruzamentos perfeitos do Zequinha, que colocava o Roberto e o Ferreti (nosso Espanador da Lua) na cara do gol?
Sr. Presidente, tome intento! Como deixar de dizer que “depois de um longo e tenebroso inverno”, em que o BOTAFOGO passou alguns anos sem um grande ídolo para vestí-la, a nosso mística camisa 7 foi crucial em um dos maiores títulos da história do Glorioso! O grande escolhido para usar o famoso manto e acabar com o jejum de títulos foi Maurício, com um gol em cima do mesmo e tantas vezes odiado Flamengo. Mais uma vez, em 1989, a camisa 7 fazia a diferença!
Será que o Presidente esqueceu que, decorridos seis anos da gloriosa conquista de um campeonato carioca, nossa camisa 7 teve seu brilho reluzente mais uma vez na história do futebol brasileiro, com o grande artilheiro Túlio Maravilha a vestindo? Como, diga-me, Sr. Presidente, esquecer que o BOTAFOGO foi Campeão Brasileiro de 1995, com o Túlio Maravilha sagrando-se artilheiro da competição, com 23 gols, usando o Manto Sagrado de nº 7?
No último título do BOTAFOGO, em 2006, quem a vestiu? Lucio Flavio - na época a grande contratação da equipe e um dos principais jogadores na campanha vitoriosa e que deu ao clube nosso último título Carioca.
Senhor Presidente: Se você tem um mínimo de sensibilidade e de perspicácia (mesmo sabendo que “não morro de amores pelo modelo de gestão que tens implantado no nosso BOTAFOGO), não custa nada dar o braço a torcer; dar a mão à palmatória! Admita, antes que seja tarde, que a tua tentativa de criar mitos falhou. Admita que, por mais que tenha sido boa a intenção, não deu certo a idéia de entregar a nossa MÍSTICA CAMISA 7 ao Reinaldo para vesti-la! É que ele, o flamenguista Reinaldo, não sabe honrá-la. E se tem futebol para desempenhar tarefa mais do que sacrosssanta, seu passado rubro-negro impede-o de fazê-lo.
Admita, Sr. Presidente, que, no atual elenco, a única contratação que você fez acertadamente, capaz de merecer a honraria de ostentar uma camisa que já jorrou o suor de tantos craques é o JOBSON – esse menino endemoniado que, pelo que vi, pessoalmente, no Estádio Serra Dourada, enloqueceu todo o time do Goiás; o mesmo JOBSON que “fez chover” e levou ao delírio a torcida que compareceu ao jogo BOTAFOGO 3 X 1 Atlético Mineiro, no Engenhão (onde me encontrava); o mesmo JOBSON, que fez-me pegar um avião para poder dizer que “agora já posso morrer em paz” porque revivi o Garrincha, quando ele, em dois dribles (uma chaleira dada na linha de fundo, pela esquerda, que quase redundou em gol contra, e num outro drible, com ginga de corpo, que tirou, de uma só vez, 4 atletas da jogada, na meia lua..., contra o Avaí).
O JOBSON, Sr. Presidente, em apenas três jogos, apresentou UM FUTEBOL DIGNO DA NOSSA CAMISA 7 e mostrou a personalidade necessária para ser mais um legítimo detentor desse manto tão endeusado pelos botafoguenses! Afinal, futebol o JOBSON possui, de sobra e pra dar e vender.
Penso que é chegada a hora de o BOTAFOGO mostrar ao mundo que, realmente, é o único time que possui uma camisa mistificada, endeusada, capaz de levar ao delírio até mesmo a torcida adversária. Basta que os que dirigem o clube determinem ao treinador: “A CAMISA 7 É DO JOBSON.”
Nicanor Sena (Goiânia)