sábado, 9 de janeiro de 2010

UMA BOLA, PELO AMOR DE DEUS!

Colegas de sofrimento.

NATAL tem dessas coisas: faz a gente ficar meio bobo, sentir vontade de abraçar os amigos e, acreditem, até, fazer as pazes com aqueles por quem não sentimos qualquer afeição. E também: vontade de voltar a ser criança só para acreditar em Papai Noel e, com isso, fazer pedidos impossíveis, irrealizáveis!

E porque é NATAL, ante tantas coisas ruins que têm atormentado o dia-a-dia do pobre coitado torcedor botafoguense, de repente, vejo-me no espelho a fazer o meu pedido ao bom velhinho:

Meu pedido é simples, nada de complicado. Só quero ser feliz. Mas, desde já, adianto-lhe que a minha felicidade tem tudo a ver com o BOTAFOGO DE FUTEBOL E REGATAS. Então, lá vai:

Para o ano que se aproxima, só desejo que o Senhor dê ao BOTAFOGO uma BOLA. Não uma bolinha qualquer, murcha, sem graça como aquela em que meu ex-Glorioso teve e mostrou pra sua sofrida torcida neste 2009 que se exaure. Nada disso! A bola que você tem que trazer para o meu time deve ser um objeto que role, suba, desça, voe. Viaje pelo espaço e caia em pés hábeis; que gire, conduzida por chuteiras firmes e rápidas, calçadas em pés que entortem como nos velhos tempos; que sirva para apoiar-se em pernas de craques miraculosamente bailarinos; uma bola que deixe adversários para trás, que os evite, fuja, se furte do alcance de qualquer jogador de futebol que não esteja vestindo a camisa com as cores e o escudo mais bonito do mundo e que vá, inapelavelmente, irresistivelmente, alcançar a rede adversária.

Dê ao BOTAFOGO uma BOLA que ande e nos conduza ao sonho de gritar aquela palavrinha mágica: GOOOOOLLLLAAAÇO!. Pode até ser uma BOLA castigada, de couro vagabundo ou simplesmente feita de meia, tocada nos campinhos de várzea; poder também uma BOLA brilhante, cara, expressão de qualidade das marcas notórias, jogada por craques ricos e famosos – mas desde que nos leve ao sonha de ser CAMPEÃO! E de repetir, centenas de vezes, até perder a voz rouca: É CAMPEÃO, É CAMPEÃO!

Dê ao BOTAFOGO, por favor, uma esfera capaz de fazer com que os seus torcedores (dentre os quais me incluo) possam sentir o prazer de sonhar sonhos de uma vida melhor; capaz misturar e de confundir suas vidas com a do time que escolheram para amar; uma BOLA que opere o impossível atual: fazer deste time perdedor de 2009 um vencedor em 2010, para que a torcida mais inteligente e diferente do Brasil se multiplique ao ponto de o País ver-se encarnado, vestido de preto e branco, comemorando VITÓRIAS, com sorriso estampado no rosto.

Alienação? Decerto. Mas insubstituível como mote para a alegria represada diante da miséria, das dificuldades, da violência, da falta de trabalho....

Pode até ser uma BOLA produto acintosamente comercial. Não importa. Desde que seja eficaz para mostrar olhos marejados, braços se agitando, sorrisos escancarados que deixem para trás todas as censuras, lançando quase todo botafoguense numa dimensão onírica onde a vitória é certa e saborosa, é o quanto nos basta.

Uma BOLA, por Deus, imploro! Apenas uma BOLA que role, quique, gire, voe... Com ela, a BOLA, aquela BOLA, a rolar e a voar sonhos de milhões de botafoguenses. Não sonhos megalomaníacos de conquistas guerreiras. Apenas sonhos de VITÓRIAS no campo mágico de um ENGENHÃO CHEIO, onde o BOTAFOGO haverá de se destacar, na ginga, na malemolência, no jeitinho posto a serviço da felicidade coletiva.

Dê ao BOTAFOGO algo simples, simplório: uma BOLA que mobilize essa torcida de irmãos que brigam entre si; uma esfera de couro que una milhões, em casa, na rua, na praça, capaz de fazer o BFR volta a ser o time do seu povo: Gente sorrindo desdentada ou vestida de farrapos; gente que sofre, vibra, chora na iminência de derrotas; mas, gente que ganha cada jogada, faz cada gol, ergue cada taça, sentindo o gosto da vitória.

Para finalizar, Papai Noel, dê ao nosso ex-Glorioso uma BOLA capaz de SALVAR O BOTAFOGO ENQUANTO É TEMPO!

Nicanor Sena (Goiânia)

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