Para mim é muito difícil escrever num momento como esse sem ser passional. A perda do título pela terceira vez seguida para o lado negro da força foi uma facada na alma alvinegra. Nestas horas a gente se pergunta por que as coisas têm que ser tão sofridas para o botafoguense. Ah, se tivéssemos matado o campeonato na Final da Taça Rio! Ah, se o Maicosuel e o Reinaldo estivessem em campo! Ah, se o juiz tivesse marcado aquele pênalti em Túlio Souza! Ah, se o Victor Simões tivesse convertido aquele outro! Ah, se aquela bola na trave tivesse entrado! E por aí vão uma porção de “ses”... E o torcedor alvinegro sabe mais do que ninguém que o “se” não resolve nada.
No futebol, o resultado nem sempre é justo. E desta vez não foi diferente. Mesmo com o time limitado, desfalcado e cheio de improvisos, jogamos com raça! No primeiro tempo, em duas únicas oportunidades do “Império do Mal”, dois gols. Um balde de água fria na nossa confiança. Depois do pênalti perdido no começo do segundo tempo, surgiram suspiros de todos os lados falando que aquele não era o nosso dia. Mas a cobrança perfeita de Juninho e a bola bem colocada do Túlio Souza incendiaram a nossa esperança de sermos campeões. Não empatamos na técnica! Empatamos na vontade, na garra, no coração! Tragicamente, na loteria dos pênaltis acabamos perdendo por 4X2.
No começo do ano, quando o time estava sendo montado, praticamente ninguém acreditava nele. Um time de orçamento modesto, sem estrelas, cheio de apostas e totalmente reformulado. Mas, estivemos em todas as finais do Carioca. Todos tentavam entender como o Botafogo tinha conseguido se acertar tão rápido. Não se explica. É a mística da camisa alvinegra.
Aliás, ouvi muitas críticas ao nosso treinador. Eu mesma tenho uma série de restrições a ele. Obviamente o 3-6-1 do Ney Franco me incomodou. Entretanto, ele não podia fazer mágica. Todo botafoguense que acompanha o time sabe que não temos banco. Não dá para contar com um Diego ou um Jean Carioca. Esse é um ponto importantíssimo a se pensar se quisermos ter pretensões maiores no Campeonato Brasileiro.
Enfim, a perda de mais um título entristece, mas está longe de abalar a paixão pelo Glorioso. O botafoguense sabe que com a gente é assim. Os deuses do futebol sempre nos pregam peças. Provavelmente porque eles sabem que o botafoguense não é um torcedor qualquer. Sabem que somos capazes de transmutar todo o sofrimento em um sentimento oceânico de esperança. Que apesar de todo o pessimismo, somos incansáveis. Que estaremos ao lado do Botafogo ainda que seja para criticar, ainda que seja para dizer “eu sabia que íamos perder”! Por que toda a vez que a gente quer desistir, a Estrela Solitária nos chama, nos envolve, nos prende, nos escolhe. Sim, alvinegros, somos os escolhidos! Etimologicamente falando, a palavra paixão vem do grego pathos, que também significa sofrimento, catástrofe. E nós somos os únicos verdadeiramente capazes de entender o que é isso.
Saudações Alvinegras!
Marina Gomes.
segunda-feira, 4 de maio de 2009
Assinar:
Postagens (Atom)